| Jornal online - Registo ERC nº 125301



“Portugal é uma treta!”
Publicado quarta-feira, outubro 06, 2010 | Por: Notícias do Nordeste

Penso que se não tivesse uma esperança de transformação, a minha existência seria impossível, tendo em consideração a agitação com que os deuses enfermaram esta minha personalidade.

Recuso-me a acreditar na hecatombe de um país com mais de oito séculos de história, mas a cada dia que passa constrói-se no meu ser uma espécie de revolução interior que me faz pensar que a Batalha de São Mamede foi um triste acidente na história da Península Ibérica e que o D. Afonso Henriques é o único responsável pela situação a que chegou Portugal. Será isto o princípio da minha adesão aos conceitos do Iberismo?

A geografia das pilhagens e das conquistas desse tempo são as únicas acções responsáveis pela construção e consolidação sucessiva de um rectângulo cujos limites se desenharam à custa de muitas chacinas e de muitos mouros degolados.

Tudo isto a que chamamos Portugal, no panorama da história, se foi erigindo com feição real e alegórica, e século após século se foi sobrepondo num cenário de fantásticos feitos que fecundaram um místico reino caracterizado por uma beata moral, a tal moral geradora do encanto e da beleza da nossa ilustríssima lenda.

Uma lenda encantada que monta os mares em cima de Barca, de Barinel, de Nau ou de Caravela.Portugal é isso: uma lenda, uma eterna fantasia!

Uma lenda absurda e passadista onde se movem os reis com um só olho, as bruxas de vassoura em riste, corujas de pio agoirento, duendes malabaristas e gnomos “pinóquianos”. Também existem os eunucos, aqueles eunucos pérfidos e venais que o Zeca tão bem retratou num jorro de poesia.

Os outros são figurantes, milhões de figurantes, com o comportamento de personagens de banda desenhada e que de quatro em quatro anos se animam num automatismo imagético, ao preencherem com opinião o universo das sondagens, e ao colocarem a cruzinha no boletim de voto com um certo brilhozinho nos olhos.

A estes, sempre dispostos a acreditar e a ter uma inesgotável esperança, eu chamo de cidadãos e de eleitores, os meus verdadeiros compatriotas.

“Portugal é uma treta!”.Ouvi isto dizer a um jovem calmamente sentado numa mesa de café, mas com uma convicção tão profunda que acabou por me perturbar. E confesso que no sopro da emotividade com que a expressão foi sacudida, me decidi a concordar momentaneamente com ele. Por isso escrevi este texto.

Efectivamente Portugal é isto que nós temos, e não é preciso mais qualificações! A actual realidade de Portugal é um mau adjectivo por inerência com a sua história. Uma metáfora arcaica e sem evolução. Um país de treta, com responsáveis de treta e com governantes de treta.

Este foi e parece continuar a ser o reino da demagogia, do salve-se quem puder, das clientelas sem escrúpulos, do desmazelo social, das elites bota-de-elástico; o país da cunha, do tráfico de influências, dos tachos, dos tachinho e dos tachões; da fuga aos impostos, da justiça lenta, da má educação, da falta de civismo e de um grotesco comportamento de rico numa lamentável república de “pé descalço”.

É um país onde impera a corrupção, a mentira, a fobia do défice orçamental, a ignorância, a preguiça, o parasitismo, a mediocridade, o facilitismo e agora o Partido Socialista. É um pais à deriva e com muita pouca esperança.

Portugal é um barco sem rumo, sem tripulação e sem timoneiro capaz de perceber que o quadrante marcado pelo astrolábio do Terreiro do Paço está errado e que assim jamais nos conseguiremos afastar do dúbio turbilhão das “estrelas” que no passado, tal como no presente, nunca nos souberam apontar o futuro.

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