| Jornal online - Registo ERC nº 125301



Cumpra-se o nosso dever e o nosso direito
Publicado domingo, fevereiro 20, 2005 | Por: Notícias do Nordeste

Votar além de um direito, é um dever.
Um direito outorgado ao povo por deliberação democrática e constitucional.
O acto de votar, independentemente das opções politicas partidárias e ideológicas dos cidadãos maiores de dezoito anos, une todos os seres numa igualdade plena, onde cada um de nós exerce uma efectiva liberdade de escolha.
O voto é nesta acepção o grande instrumento da vontade e da acção popular, o mecanismo capaz de transformar o destino e, de certa forma, de alterar “a causa das coisas”.
Bem sei, bem sabemos todos, que o tempo que corre é copioso em desconfiança para com os políticos. E é certo que os cidadãos mais desconfiados têm a sua suspeição mais que justificada por um desfile de embusteiros que fingem estar ao lado do povo apenas e só na altura da campanha eleitoral. Depois, quase de forma sistemática, esquecem esse mesmo povo e as suas reais dificuldades, para se entregarem a jogatinas de poder onde quase sempre emergem os habituais comedores de dividendos.
Se Portugal é um país atrasado, com grandes assimetrias regionais e sociais, onde a riqueza se concentra nas mãos de uma pequena parcela da população, a culpa não é do povo, nem de quem, no justificado acto cívico, de eleição em eleição deposita a sua escolha quase como um acto de fé, e lá para os seus botões vai acreditando: “ pode ser que seja desta…”.
Mas não é. Nunca foi. E logo de seguida à tomada de posse dos ilustres políticos que foram sufragados pela liberdade de escolha de todos os cidadãos, se desembainha a habitual arrogância governamental, e todas as promessas eleitorais feitas com ênfase e emoção em plena campanha de “caça ao voto”, recolhem-se discretamente ao limbo das consciências hipócritas, para voltarem a aflorar, sem qualquer pejo, passados quatro anos. E a mudança real, aquela que deveria repercutir-se no grosso da população, na evolução e modernização do país delonga-se, como um anátema sem fim.
Isto, claro, torna as pessoas desconfiadas e cada vez mais ariscas para com os políticos e para com a política. E não é de estranhar, portanto, que a abstenção tenha subido em flecha nos últimos actos eleitorais realizados no nosso país. Porque, na verdade, as pessoas têm memória, ao contrário do que pensam muitos dos pseudo inteligentes que por aí andam.
O povo, as pessoas comuns, sabem e sentem objectivamente que a sua vida e a dos seus concidadãos em nada mudou, ou em nada muda de acto eleitoral para acto eleitoral, e por isso desleixam-se para com o dever e o direito de votar. E se bem vistas as coisas, de quem é a responsabilidade por esse desmazelo cívico dos cidadãos?
O acto de não votar até poderia ser encarado como uma retaliação justa do povo para com os políticos incompetentes e mentirosos, se esse mesmo acto não colocasse perigosamente em risco o estatuto da democracia. Não votar é alheáramo-nos do instrumento mais eficaz que está consagrado nas sociedades de direito democrático.
Através do voto é possível alterar a ordem das coisas, é possível expulsar os mais incompetentes do exercício do poder, é possível transformar e fazer evoluir a sociedade para melhor. Por isso, votar, não pode ser encarado como uma mera descarga no caderno eleitoral; o acto em si tem que ser pensado e reflectido, sem qualquer pressão mediática ou slogan de circunstância. Votar deverá ser um exercício sem coacção de qualquer natureza, deve ser a sínteses da análise do desempenho dos mandatados pela força do voto, e uma acareação séria das propostas, ideias e vontades apresentadas por cada um dos partidos que se candidatam a sufrágio. Deve ser um acto ponderado, maduro e sobretudo crítico.
Se os políticos nos desagradam, se todos eles nos desagradam - ideia que não deixa de ser um exercício de pura especulação, porque no espectro partidário existirá sempre um partido que nos agrada -, então que se vote em branco, mas que se vote, porquanto o importante é votar!
É indispensável expor a nossa vontade e exercer o nosso poder pelo voto. Por isso não se pode ficar em casa, já que esse é um acto que beneficia as aspirações das mentes com uma tendência mais ditatorial.
Não ir votar não é um protesto, é uma irresponsabilidade e uma derrota.
Para que o povo português saia vitorioso no próximo dia 20 é indispensável que todos os portugueses votem, e que essa votação seja um claro sinal de que a democracia está viva e que só ela poderá construir uma sociedade mais justa e um melhor futuro.
[18-02-2005] Luis Pereira

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