Ligações perigosas


Tenho ultimamente ficado a pensar nesta expressão que mais não é do que o simples título de um filme de Stephen Frears onde John Malkovich e Glenn Close se divertem num jogo de sedução que envolve uma mulher ingénua e fiel ao marido. Talvez porque as férias se aproximam e porque nestes parcos dias consiga algum tempo para rever ou ver alguns dos filmes de antologia, frequentemente me invade este título por mim rotulado como um dos filmes da minha vida.
O filme é bom, diria mesmo brilhante a nível da direcção e da interpretação, com um enredo tão “sufocante” tanto quanto real, o que em si mesmo constitui a génese de um apego aos primeiros planos de um guião sem tréguas e que inevitavelmente arrasta o telespectador para um desafio cujo principal objecto consiste na decifração das causas e dos porquês da ignobilidade e da insídia.O filme remete-nos para um ambiente de sociabilidade pérfida, o que certamente servirá de alerta para muitas pessoas que costumam confiar em qualquer um.
A fita está bem conseguida porque derrama de forma genial a psicologia do ser humano desnudadamente realista. O interior cómico e dramático dos sentimentos. A risível distância entre o que se aparenta ser e aquilo efectivamente se é.
Não é minha intenção fazer aqui uma abordagem crítica ao filme de Frears, primeiro porque não sou cinéfilo, e segundo porque o filme está já depositado no baú das obras-primas criadas pela humanidade.
Chamo aqui o filme de Stephen Frears porque a expressão “ligações perigosas” se foi generalizando de forma massificadora, acabando por invadir o léxico da política e das mais diversas profissões.
A expressão, vista a frio, significa aleivosia. Significa o embuste da máscara que parece ser o que na realidade não é. Significa jogos de bastidores para a obtenção de uma qualquer façanha. Significa o enredo mais fácil para encontrar o caminho do que se pretende sem convicção. E neste jogo de intrigas, a dramaticidade de algumas cenas acumula-se até atingir um clímax que muitas vezes reduz o ser humano à ancestralidade do seu verdadeiro "complexo reptiliano", como naturalmente lhe chamaria Carl Sagan.
Há muitos que conseguem contornar o “escolho” da verdade; há outros que obtém resultados tão desastrosos que até fariam corar de espanto a Marquesa de Merteuil.
Este meu "surrealismo" de hoje não parte de uma qualquer sesta mal dormida, surge apenas como uma cívica apreensão. E isto porque o mês de Agosto está de entrada e depois surge Setembro e com ele, espera-se, o início de um Outono que se pretende calmo.
Para mim, que gosto do verão e de tudo o que é límpido e luzidio, o meu desalento reside em Outubro, porque esse é o pardo mês que anuncia o Inverno e quase sempre com ele chega o fustigo das primeiras rabanadas de um vento que varre do chão algumas folhas caídas por um precoce amarelecer.
Umas boas férias para todos os nordestinos.Luis Pereira [27-07-2005]
O filme é bom, diria mesmo brilhante a nível da direcção e da interpretação, com um enredo tão “sufocante” tanto quanto real, o que em si mesmo constitui a génese de um apego aos primeiros planos de um guião sem tréguas e que inevitavelmente arrasta o telespectador para um desafio cujo principal objecto consiste na decifração das causas e dos porquês da ignobilidade e da insídia.
A fita está bem conseguida porque derrama de forma genial a psicologia do ser humano desnudadamente realista. O interior cómico e dramático dos sentimentos. A risível distância entre o que se aparenta ser e aquilo efectivamente se é.
Não é minha intenção fazer aqui uma abordagem crítica ao filme de Frears, primeiro porque não sou cinéfilo, e segundo porque o filme está já depositado no baú das obras-primas criadas pela humanidade.
Chamo aqui o filme de Stephen Frears porque a expressão “ligações perigosas” se foi generalizando de forma massificadora, acabando por invadir o léxico da política e das mais diversas profissões.
A expressão, vista a frio, significa aleivosia. Significa o embuste da máscara que parece ser o que na realidade não é. Significa jogos de bastidores para a obtenção de uma qualquer façanha. Significa o enredo mais fácil para encontrar o caminho do que se pretende sem convicção. E neste jogo de intrigas, a dramaticidade de algumas cenas acumula-se até atingir um clímax que muitas vezes reduz o ser humano à ancestralidade do seu verdadeiro "complexo reptiliano", como naturalmente lhe chamaria Carl Sagan.
Há muitos que conseguem contornar o “escolho” da verdade; há outros que obtém resultados tão desastrosos que até fariam corar de espanto a Marquesa de Merteuil.
Este meu "surrealismo" de hoje não parte de uma qualquer sesta mal dormida, surge apenas como uma cívica apreensão. E isto porque o mês de Agosto está de entrada e depois surge Setembro e com ele, espera-se, o início de um Outono que se pretende calmo.
Para mim, que gosto do verão e de tudo o que é límpido e luzidio, o meu desalento reside em Outubro, porque esse é o pardo mês que anuncia o Inverno e quase sempre com ele chega o fustigo das primeiras rabanadas de um vento que varre do chão algumas folhas caídas por um precoce amarelecer.
Umas boas férias para todos os nordestinos.














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