| Jornal online - Registo ERC nº 125301



As chamas da estupidez
Publicado terça-feira, novembro 08, 2005 | Por: Notícias do Nordeste

Nua e crua a realidade deste início de século revela-se nos mais recentes acontecimentos que esfaqueiam o centro onde os filósofos e pensadores oitocentistas expeliram os princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade.
A pátria da social-democracia está a ferro e fogo. Decompõe-se em doses lastimáveis de explicações, como se fosse natural um Ser não ser igual a outro Ser.
O que está a incendiar a França não são os “Putos” de semblante tisnado que nasceram na terra onde as mães fugitivas da miséria os foi parir. O que está a incendiar a França é um modelo inconsciente, hipócrita e irresponsável a nível da integração e do respeito pelos mais elementares princípios humanitários.
Creio que o ser social burguês é um bicho medonho, cujo horripilante e intrínseco miserabilismo é exposto a cada passo e em variados trechos da sua história.
O que está a acontecer na França é um exemplo disso mesmo.
A hipocrisia dos oportunistas que se proclamam democratas recebeu anos a fio uma mão-de-obra barata para satisfazer e pôr em marcha uma economia que sem emigrantes estaria indiscutivelmente condenada ao fracasso.
A recomposição do xadrez produtivo depois da Segunda Guerra Mundial na França e na Alemanha, só para citar dois dos maiores países de acolhimento de emigrantes portugueses, seria impensável sem o contributo dos trabalhadores estrangeiros.
Sei de tristes exemplos xenófobos encarnados em compatriotas nossos e transmontanos que durante os anos sessenta, setenta e oitenta do século vinte sentiram na pele o “racismo” indisfarçável dos franceses. Depois as coisas melhoram, embora a integração nunca tivesse sido verdadeiramente efectivada.
O exemplo da França é bastante pedagógico, uma vez que constitui o padrão explodido para muitos outros casos que estão para explodir.
A questão das emigrações e migrações é uma questão tão antiga quanto a história do ser humano. Se não fosse esse movimento demográfico, a história da humanidade estaria confinada a África, o que não deixará de ser uma constatação científica bastante confrangedora para quem pensa que a Europa ou a sua terrinha constituem o epicentro do processo evolucionista.
Os mais recentes acontecimentos no país do Asterix não deixa de ser modelar para outros racismos e para outras misérias políticas e intelectuais.
Basta pensar em Trás-os-Montes e nas abundantes e lamentáveis opções que estão subjacentes à constituição das listas nas eleições autárquicas.
É isto a Social-democracia! Será que não merecemos um melhor modelo?!
Luis Pereira [08-11-2005]

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